domingo, 4 de fevereiro de 2024

A CERTEZA DA GRAÇA E DA SALVAÇÃO.

 

A CERTEZA DA GRAÇA E DA SALVAÇÃO.

Rev. João França

 

A confissão de fé de Westminster, padrão de fé da Igreja Presbiteriana, possui duas doutrinas muito preciosas para nós cristãos reformados e bíblico, os capítulos são o capítulo 17 que trata da doutrina da Perseverança dos Santos e o capítulo 18 trata da Certeza da Graça e da Salvação. Nesta breve palavra desejo-lhes apresentar a questão da certeza da graça e da salvação, doutrina esta fundamentada nas Escrituras Sagradas e apresentadas na CFW. O capítulo 18 da CFW sumariza três verdades sobre este assunto:

1.     A possibilidade da segurança (seção 1)

2.     O fundamento da segurança (Seção 2)

3.     O cultivo da segurança (seção 3)

4.     Renovação da segurança (seção 4)

Na seção 1ª a CFW nos apresenta uma tríplice possibilidade, as saber: (I) A possibilidade de falsa segurança; (II) a possibilidade da verdadeira segurança; (III) A possibilidade de falta de segurança.

Aqui estamos diante de verdades importantes  para a nossa vida cristã. A grande questão é como podemos considerar a irmandade daqueles que não professam crer nas mesmas verdades que nós? Bem, a nossa CFW que não é exclusivista, bem como todo o presbiteriano não é, advoga que há sim uma forma como considerar a irmandade e como lidar coma estas questões. Quando olhamos para a nossa CFW e a para Bíblia vemos que em muitos casos há pessoas que pensam serem salvas e não são! Estão em nossos arraias e não são – a Confissão de fé vai chamar isso de falsa segurança; por isso, há a necessidade de estamos vigiando o nosso coração (Jeremias 17.9 e Mateus 7.23)

A segunda consideração que a primeira sessão da CFW nos coloca é o da “possibilidade da verdadeira segurança” - aqui somos alentados em saber que esta possibilidade só é possível em Cristo! Se alguém confia unicamente em Cristo para sua salvação, sim, ele é salvo, não importa se é calvinista ou não! Ele pode ser salvo e ter uma segurança de sua salvação; conquanto, em temos doutrinários calvinista e Arminianos não professem as mesmas verdades (os chamados cinco pontos) se ambos centralizam sua vida e fé na pessoa de Cristo, ambos têm Cristo como Senhor, eles possuem “verdadeira segurança em Cristo” 2ª Pedro 1.10 é alentador neste sentido. Uma terceira possibilidade presente na CFW é a possibilidade da falta de segurança. Aqui tem sido um ponto crucial. Sabemos que há aqueles irmãos de tradição arminiana, com quem convivemos, que por mais que se fale para eles a respeito da perseverança dos santos, eles não creem, não aceitam e ainda julgam como doutrina demoníaca, porém quando olhamos para a vida piedosa deles vemos, que eles são de fato crentes em Jesus Cristo; esta ausência de consciência da graça salvadora e da certeza salvadora pode atingir inclusive calvinista. Como? Sua ausência aos meios de graça, aos cultos, ou não está de baixo da pregação da Palavra de Deus. Tem esta certeza muitas vezes enfraquecida, diminuída. A ausência de consciência da certeza de salvação é comum quando não se nutre a vida espiritual do cristão, seja ele de vertente arminiana ou calvinista. Conquanto não existe um laço de irmandade entre arminianos e calvinista do  ponto da doutrina; ainda, assim existe um laço na pessoa e na obra do redentor Jesus Cristo. E, a doutrina aqui enunciada nos lembra sempre isso!

 

terça-feira, 11 de julho de 2023

AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ DE CALVINO: SEU CONTEXTO HISTÓRICO.

AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ DE CALVINO: SEU CONTEXTO HISTÓRICO.

Rev. João Ricardo Ferreira de França

INTRODUÇÃO:

             A história da igreja tem personagens significativos em seu rol. Há ilustres nomes ao longo do tempo desde os grandes heróis da fé conforme registra Hebreus capítulo de número onze até missionários que são martirizados por testemunhar sua fé! Nessa tão densa nuvem de testemunhas, de heróis, de homens compromissados com o Evangelho, existe um homem conhecido como João Calvino (1509-1564), no cenário atual tem se escrito uma gama de biografias, artigos, teses sobre a sua pessoa e sua vida.

            A teologia de Calvino tem sido discutida e debatida em duas fontes principais, a primeira, é a sua coleção de comentários bíblicos que abarcam tanto o Antigo quanto o Novo Testamentos – uma fonte de consulta e pesquisas constantes; a outra é aquilo que tem sido considerada a opus Magnum de Calvino:  As Institutas da Religião Cristã. Neste estudo pretendemos considerar o contexto no qual as Institutas foram escritas. A razão para este estudo é que muitos ditos herdeiros da fé Reformada ou Calvinista passam pelo seminário teológico sem nunca ter uma cadeira especifica (uma disciplina) que aborda o conteúdo desta obra de João Calvino.

I – CALVINO: SUA VIDA.

            O reformador francês nasceu no dia 10 de julho de 1509 na cidade de Noyon, na França. Seu pai era um administrador financeiro do palácio do bispo católico da diocese de Noyon (LAWSON, 2007, p.18). O pai o havia criado para o sacerdócio, pois, naquele tempo isso era bastante rentável. Calvino ingressou na Universidade de Paris com o objetivo de estudar teologia, isto aos 14 anos de idade, para ter a preparação formal, e então, torna-se um sacerdote católico romano; aos 17 anos Calvino graduou-se em mestre em ciências humanas (Ibid, p.19).

            O pai de Calvino, após, um desentendimento com as autoridades eclesiásticas de Noyon decide colocar o filho para estudar Direito na universidade de Orleáns (1528), Calvino como um filho obediente, assim o fez. Porém, o Pai de Calvino morre em 1531; então, o futuro reformador mudou a direção de seus estudos para a literatura clássica que era a sua paixão. Seu primeiro comentário foi sobre uma obra clássica “De Clementia” do filósofo romano Seneca. Este comentário de Calvino foi a sua tese de doutorado do futuro teólogo reformador de Genebra. (LAWSON, 2007, p.20)

II – O CONTEXTO DAS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ

            A conversão de Calvino à fé evangélica foi uma súbita conversão a Cristo, “onde as amarras do papado”, conforme ele descreve em seu prefácio ao comentário do livro de Salmos, esta conversão ele a descreve de um modo quase que poético:

Minha mente, que, a despeito de minha juventude estivera por demais empedernida em tais assuntos, agora estava preparado para uma atenção séria por uma súbita conversão, Deus transformou-a e a trouxe-a à docilidade (GEORGE, 1994, p.31)[1]

            A Conversão de Calvino deu um novo ar as perspectivas do avanço da Reforma tanto em Genebra como na França.

a)     O Nascimento das Institutas:

A primeira edição das Institutas foi em 1536.  Desde o princípio deve-se ressaltar que o surgimento desta obra se deu pelo incentivo de um amigo de Calvino chamado Louis du Tillet, Calvino ficou certa vez hospedado em sua casa onde produziu “grande parte de seu livro as institutas”, porém, este amigo de Calvino posteriormente se voltou para o romanismo.[2]

 O próprio Calvino escreveu como uma cartilha para instruir os cristãos novos na fé. Ela (as institutas) alguns anos após o fracasso literário de Calvino com a obra “De Clementia” este datado de 1532. A obra de Calvino o “De Clementia” foi uma espécie de desapontamento para seu autor, e, até mesmo em sacrifícios financeiros não compensados, um evidente fracasso, por tanto. (FERREIRA, 1985, p.142) O livro não se vendia. “Quase ninguém tomou conhecimento de sua publicação.” (HALSEMA, 2009, p.28).

Alguém já disse que o caminho da providência gerou o “insucesso do ‘De Clementia’ para aniquilar o humanista que começara a repontar em Calvino e dele fazer um teólogo consumado que havia de ser, nas Institutas” (FERREIRA, 1985, p.142). E, assim, temos o nascimento das Institutas como uma cartilha para orientar aos cristãos protestantes na vida de piedade.

b. O Título da Obra:

Nos compete também considerar o título da Opus Magnum  de Calvino conforme considerada neste artigo. O título que o Reformador deu a sua obra magna foi: O Ensino Básico da Religião Cristã, compreendendo quase a soma total da piedade do que é necessário conhecer sobre a Doutrina da Salvação. Um Trabalho recém-publicado que muito merece ser lido por todos os que estudam a Piedade. Um Prefácio ao mais cristão Rei da França, oferecendo a ele este livro como uma Confissão de Fé do autor, Jean Calvin de Noyon(GEORGE, 1994, p.177)[3] O que se destaca no título no título da obra são quatro princípios básicos:

1.     As Institutas seria um manual básico da fé protestante;

2.     As Institutas visavam fomentar a piedade cristã nos caminhos da salvação;

3.     As Institutas tem um caráter apologético;

4.     As Institutas chegam com força de uma confissão de fé.

Estes princípios são tão notórios que que o próprio Calvino resumiu a obra, em sua primeira edição, dando-lhe o título de Breve Instrução, que serviu como uma confissão de fé da Igreja de Genebra.

III – A ESTRUTURA TEOLÓGICA DAS INSTITUTAS.

            Consideremos agora a estrutura teológica das Institutas da Religião Cristã. A primeira edição das Institutas consistia de uns poucos seis capítulos, que podem ser estruturados do modo com segue:

1.     A Lei de Deus – Uma Breve Exposição dos Dez Mandamentos;

2.     A Fé – Uma sucinta Exposição do Credo Apostólico;

3.     A Oração – Apresenta-se uma exegese da oração dominical (O Pai Nosso);

4.     Os Sacramentos - Calvino discute a doutrina do Batismo e da Eucaristia (Santa Ceia)

5.     Os Cinco Sacramentos adicionais -  Calvino de forma apologética refuta os cinco sacramentos adicionais dos romanistas;

6.     A Liberdade Cristã e a Igreja – Aqui o Reformador Francês  toca em três delicados temas para a época:

a.      A Liberdade Cristã e de consciência;

b.     A política Eclesiástica;

c.      O Magistrado Civil.

Com os passar dos anos a mente de Calvino e a sua pena foram maturando suas ideias e as Institutas foi ganhando corpo, chegando a uma edição final em 1559. Composta com quatro volumes com um esquema teológico mais abrangente e completo para a instrução na fé reformada. Seu esquema de organização ficou como segue:

VOLUME I – O CONHECIMENTO DE DEUS, O CRIADOR:

1.     O conhecimento duplo de Deus;

2.     As Escrituras;

3.     A Trindade;

4.     A Criação;

5.     A Providência.

VOLUME II – O CONHECIMENTO DE DEUS, O REDENTOR:

1.     A queda, Pecaminosidade do homem;

2.     A Lei;

3.     Antigo e o Novo Testamentos (sua relação);

4.     Cristo, o Mediador: Sua Pessoa (Profeta, Sacerdote, Rei) e a obra da expiação;

VOLUME III – O MODO PELO QUAL RECEBEMOS A GRAÇA DE CRISTO, SEUS BENÉFICIOS E EFEITOS:

1.     Fé e Regeneração;

2.     Arrependimento;

3.     Vida Cristã;

4.     Justificação;

5.     Predestinação;

6.     A última ressurreição (final)

VOLUME IV – OS MEIOS EXTERNOS PELOS QUAIS DEUS CONVIDA-NOS À SOCIEDADE DE CRISTO.

1.     A Igreja.

2.     Os Sacramentos

3.     O Governo Civil.

CONCLUSÃO:

            Este artigo visou apresentar em linhas gerais o contexto das Institutas da Religião Cristã de João Calvino. Mostrando o quatro geral de como esta obra foi desenvolvendo-se até chegar a sua forma atual nos dias hoje.

BIBLIOGRAFIA:

1.     BEEKE, Joel. R.; JONES, Mark. Teologia Puritana – Doutrina para a Vida. Tradução: Marcio Loureiro Redondo. São Paulo: Vida Nova, 2016.

2.     BEZA, Theodoro de. A Vida e a Morte de João Calvino. Tradução: Waldyr Carvalho Luz. São Paulo: Editora Luz para o Caminho, 2006.

3.     CALVINO, João. Comentário sobre o Livro de Salmos, Volume 1. Tradução: Valter Graciano Martins, São Paulo: Editora Fiel, 2009.

4.     COSTA, Hermisten Maia Pereira da. A Inspiração e Inerrância das Escrituras – Uma Perspectiva Reformada. São Paulo: Cultura Cristã, 1998.

5.     FERREIRA, Wilson de Castro. Calvino: Vida, Influência e Teologia, São Paulo: Luz Para o Caminho,1998.

6.     CALVINO, Juan. Instiución de La Religión Cristiana. Tradução: Cipriano de Valera.  Barcelona:1999

7.     GEROGE, Timothy. Teologia dos Reformadores.Tradução: Gérson Dudus e Valéria Fontana. São Paulo: Editora Vida Nova, 1994

8.     HALSEMA, Thea B.  Von. João Calvino Era Assim.   São Paulo: Editora Os Puritanos, 2009

9.     LAWSON, Steven. A Arte Expositiva de João Calvino. Tradução:Ana Paula Eusébio Pereira. São Paulo: Editora Fiel,2008.

 

 

 



[1] Veja-se CALVINO, João. Comentário aos Salmos, São José Campos – SP: Volume 1,2009, p.31.

[2] Veja-se TOKASHIKI, Ewerton B. Pastoreando o Rebanho de Deus – Os documentos de Ordem da Igreja de Genebra. Teófilo Otoni – MG: Credo Reformado Publicações, 2022, p.31 – nota de número 15.

[3] Ênfase nossa.

terça-feira, 4 de julho de 2023

MATEUS 27.52-53 - A RESSURREIÇÃO DOS SANTOS SE DEU NA MORTE OU RESSURRERIÇÃO DE CRISTO?

 EXPLICAÇÃO DE MATEUS 27.52-53

Mortos ressuscitaram na morte de Cristo ou depois da Ressurreição de Cristo?

Rev. João Ricardo Ferreira de França.

Paz e Graça:

            Quando estive estudando teologia esse texto me incomodava muito, pois, vi e ouvi muitas abordagens a ele de modo que ao meu ver ignorava o tempo ocorrido da ressurreição dos que santos mencionados neste trecho. Havia aqueles que sustentavam que eles ressuscitaram e aguardaram no túmulo até a ressurreição de Cristo para saírem da sepultura. E, isso me incomodava porque seguindo a tradição paulina de 1ª Coríntios 15 de que Cristo é a “primícias dos que dormem”  seria impossível seguir uma posição que entra em colisão com a tradição Paulina – estudei e li muito sobre o assunto. Me convenci de que a passem a despeito de sua dificuldade caminha na direção de que essa ressurreição se deu após a ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. E, nunca mais abordei o tema.

            Mas, recentemente em uma aula de escola dominical em nossa igreja, onde sou ministro da Palavra e dos Sacramentos, mencionei esta passagem com o entendimento que descrevi acima, um dos nossos alunos, um irmão cristão, questionou se eu teria algum teólogo que expressa essa posição. Na ocasião lembrei de Calvino, mas fiquei temoroso de citar o nome sem antes volta e consultar a obra de Calvino (por quem tem um profundo respeito e admiração), disse ao irmão que voltaria aos meus arquivos seminais e traria as citações que colaboram para a posição interpretativa que sigo.
            Antes de tudo quero ressaltar que esta é uma passagem realmente difícil das Escrituras, espero que estas singelas citações ajudem os que desejam estudar melhor essa passagem. Não dogmatizo minha posição, entretanto, creio ser a posição mais coerente com a revelação das Escrituras.

No amor de nosso redentor,

Desejo a edificação e instrução de todos com este compilado
Riachão do Jacuípe, 04 de julho de 2023.

Obs: nos textos gregos citados não inclui a transliteração para não sugerir que pertenciam aos autores que discutem exegeticamente a passagem.

JOÃO CALVINO:

E sepulturas foram abertas. Este também foi um milagre impressionante, pelo qual Deus declarou que seu Filho entrou na prisão da morte, não para continuar trancado lá, mas para tirar todos os que estavam cativos. Pois no mesmo momento em que a desprezível fraqueza da carne foi contemplada na pessoa de Cristo, a magnífica e divina energia de sua morte penetrou até o inferno. Esta é a razão pela qual, quando ele estava para ser encerrado em um sepulcro, outros sepulcros foram abertos por ele. No entanto, é duvidoso que essa abertura das sepulturas tenha ocorrido antes de sua ressurreiçãopois, em minha opinião, a ressurreição dos santos, mencionada imediatamente depois, foi posterior à ressurreição de CristoNão há probabilidade na conjectura de alguns comentaristas de que, depois de terem recebido o fôlego e vida, permaneceram três dias escondidos em seus túmulos. Acho mais provável que, quando Cristo morreu, os túmulos foram imediatamente abertos: e que, quando ele ressuscitou, alguns dos piedosos, tendo recebido a vida, saíram de seus túmulos e foram vistos na cidadePois Cristo é chamado o primogênito dentre os mortos (<510118> Colossenses 1:18), e as primícias dos que ressuscitam (<461520>1 Coríntios 15:20)porque por sua morte ele começou, e por sua ressurreição ele completou, uma nova vida; não que, quando ele morreu, os mortos ressuscitassem imediatamente, mas porque sua morte foi a fonte e o começo da vida. Essa razão, portanto, é totalmente aplicável, uma vez que a abertura das sepulturas foi o presságio de uma nova vida, que o fruto ou resultado apareceu três dias depois, porque Cristo, ao ressuscitar dos mortos, trouxe outros junto com ele para fora de suas vidas. túmulos como seus companheiros. Agora, por este sinal, ficou evidente que ele não morreu nem ressuscitou em caráter privado, mas para derramar o odor da vida em todos os crentes.

(JOÃO CALVINO, Commentary On Matthew, Mark, Luke, Volume-3., In: AGES Software • Albany, OR USA Version 1.0 © 1997, p.251-252)

John Gill – o puritano.

Mateus 27.52:

e muitos corpos de santos que dormiam surgiramnão que eles tenham surgido no momento da morte de Cristo: as sepulturas foram abertas então, quando a terra tremeu e as rochas se partiram; mas os corpos dos santos não surgiram até depois que Cristo ressuscitou, como aparece no versículo seguinte; mas porque o outro evento agora aconteceu, ambos estão registrados aqui: estes eram santos e os que dormiram em Jesus; e de quem ele é as primícias que agora surgiram; e não todos, mas muitos deles, como penhores da futura ressurreição, e para a confirmação de Cristo, e o cumprimento de uma profecia em (Isaías 26:19). E eles ressuscitaram nos mesmos corpos em que viveram antes, caso contrário, não poderiam ser chamados de seus corpos, ou conhecidos por aqueles a quem apareceram: mas quem eles eram? Não era para ser conhecido; alguns pensaram que eles eram os antigos patriarcas, como Adão, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, etc. Na Septuaginta (Jó 42:17), Jó é considerado um deles, e uma tradição é registrada lá, que é assim: “está escrito que ele ressuscitou com quem o Senhor ressuscitou”. Mas deve parecer que eles eram alguns santos posteriores, como Zacarias, o pai de João Batista, o próprio João Batista, o bom e velho Simeão, José, marido de Maria, e outros, bem conhecidos das pessoas agora vivas. Alguns pensam que eles foram mártires na causa da religião; e assim a versão persa traduz as palavras, “e os corpos de muitos santos que sofreram o martírio, ressurgiram das sepulturas”.

Mateus 27.53:

E saiu dos túmulos após sua ressurreição, etc.] A ressurreição de Cristo; porque ressuscitou como as primícias, como o primogênito dos mortos e o primogênito dos mortos; pois ele foi o primeiro que ressuscitou para uma vida imortal; pois, embora outros tenham sido criados antes dele, por ele mesmo e nos tempos dos profetas, ainda para uma vida mortal; mas esses santos surgiram para a ressurreição da vida e, portanto, era necessário que Cristo, as primícias, ressuscitasse primeiro. A versão árabe realmente diz, “depois de sua própria ressurreição”; e a versão etíope, “depois que foram criados”; ambos errados e mal entendidos: e foram para a cidade santa; a cidade de Jerusalém, que embora agora seja uma cidade muito perversa, foi assim chamada, por causa do templo, da adoração a Deus e de sua residência nela: os locais de sepultamento dos judeus estavam fora da cidade e, portanto, estes ressuscitados santos, dizem que entraram nele: e apareceu a muitos; de seus amigos e conhecidos, que os conheceram pessoalmente e conversaram com eles em suas vidas. Esses santos, eu apreendo, continuaram na terra até a ascensão de nosso Senhor e, então, juntando-se à comitiva de anjos, foram triunfantemente com ele para o céu, como troféus de sua vitória sobre o pecado, Satanás, a morte e a sepultura.  

(GILL, John. In: Gill's Exposition - Matthew (grace-ebooks.com))

A.T. ROBERTSON

27.52. Abriram-se os sepulcros (μνημεῖα ἀνεῴχθησαν). Terceira pessoa do plural do aoristo primeiro passivo do indicativo (acréscimo silábico duplo). A divisão das pedras e a abertura dos sepulcros podem ter sido consequências do terremoto. Mas, a ressurreição dos corpos dos mortos depois da ressurreição de Jesus, que apareceram a muitos na Cidade Santa, confunde muitos hoje que crêem na ressurreição corpórea de Jesus. Alguns estigmatizam todos esses portentos como lendas, visto que só constam em Mateus. Outros afirmam que “depois da ressurreição” deve ser lido “depois da ressurreição deles”, mas isso entraria em conflito com as palavras de Paulo, que disse que Cristo “foi feito as primícias dos que dormem” (1 Co 15.20). (ROBERTSON, A.T – COMENTÁRIO de  Mateus e Marcos à Luz do Novo Testamento Grego. Rio de Janeiro, CPAD, 2011, p.323-324)

Osborne

Ideia Central – Mateus 27.51-60

A zombaria dos três grupos - o povo, os líderes e os soldados - é combatida pelo tríplice testemunho da natureza, dos soldados e das mulheres. A ênfase está na filiação divina de Jesus e nos resultados de sua morte em julgamento, ressurreição e um novo acesso a Deus tornado possível. Até seu enterro aponta para a natureza extraordinária de sua pessoa.

Estrutura e Forma Literária

Mateus novamente adapta o material de Marcos (vv. 51a, 54, 55-56, 57-61) e insere seu próprio material exclusivo sobre a abertura dos túmulos com os santos do AT emergindo (vv. 51b-53). Ao usar Marcos, Mateus acrescenta os soldados e os presságios sobrenaturais que eles viram ao v. 54 e abrevia muito (cerca de metade do comprimento) a história do sepultamento de Marcos 15:42-47.

Esboço exegético

I. Os Incríveis Pós-Eventos (27:51–53)

A. O rasgo do véu do templo (v. 51a)

B. O terremoto (v. 51b)

C. Os túmulos se abrem e os santos emergem (vv. 52–53)

II. As Testemunhas dos Eventos (27:54–56)

A. A confissão do centurião (v. 54)

B. As mulheres testemunham (vv. 55–56)

III. O sepultamento de Jesus (27:57-61)

A. O corpo dado a José de Arimatéia (vv. 57–58)

B. O sepultamento de Jesus no túmulo novo de um homem rico (vv. 59–60)

C. As mulheres testemunham (v. 61)

Mateus combinou duas tradições aqui - uma que ocorreu na Sexta-Feira Santa, com um terremoto na morte de Jesus dividindo a cortina do véu e abrindo vários túmulos; e outra “depois da ressurreição” (ver o v. 53), quando muitos dos “santos” mortos foram vistos em Jerusalém. O principal propósito de Mateus em suas várias cenas sobrenaturais peculiares a ele (as visões/sonhos dos Magos, José, a esposa de Pilatos, bem como estes dois e 28:2) é demonstrar a afirmação sobrenatural da verdadeira natureza de Jesus e seu efeito sobre a relação Deus-homem. Aqui ele reúne essas tradições para conectar a morte e a ressurreição de Jesus como um único evento histórico da salvação e para mostrar a filiação divina de Jesus por meio do testemunho sobrenatural (vv. 51-53) e humano (v. 54).

O terremoto vem depois do rasgo do véu, então o terremoto não é a causa da abertura da cortina (um ato sobrenatural), mas um evento separado. Também é um evento sobrenatural, como visto no passivo divino (“fomos separados”) aqui. Mateus tem três cenas σεισμός (“terremoto”) (8:24; 27:54; 28:2; veja em 8:24). É um símbolo judaico comum para a atividade de Deus no AT (Jz 5:4; 2 Sm 22:8; Sl 18:7; 77:18; Is 2:19, 21; Joel 3:16) e no Apocalipse ( Ap 6:12; 8:5; 11:13; 16:18), frequentemente usado no NT para libertar os mensageiros de Deus (Atos 16:26, Rev. 6:12, 8:5).⁷ Assim, é possível que aqui Mateus indica a ascensão do espírito de Jesus ao Pai por meio do motivo do terremoto e que no túmulo, no terceiro dia, outro terremoto indica a ressurreição de seu corpo (28:2).

27:52 E os sepulcros foram abertos. Em seguida, muitos corpos dos santos que morreram foram ressuscitados (avnew|,cθησαν). Observe a continuação dos passivos divinos, apontando para Deus como o agente. Senior chama isso de discurso apocalíptico baseado na história dos ossos secos de Ezequiel 37 para mostrar o significado da morte de Jesus. A abertura das tumbas e a ressurreição dos mortos continuam o motivo escatológico do terremoto de duas maneiras. (1) Na morte de Jesus, a inauguração dos últimos dias é selada, o poder da morte é quebrado e os justos são ressuscitados. (2) Ocorre a inauguração da nova era de salvação, quando a vida é disponibilizada a todos. Ambos os aspectos são combinados na expectativa apocalíptica e aguardam os presságios cósmicos que precederão o retorno de Cristo (como diz Hill).

A abertura das sepulturas alude a Ezequiel 37:12–13. “Assim diz o Soberano Senhor: 'Povo meu, abrirei os seus túmulos e os tirarei deles'.” Em Ezequiel, é uma metáfora para o retorno do exílio, mas aqui é a ressurreição dos mortos. . “Adormecido” (κεκοιμημένων) era uma metáfora comum para a morte (Atos 7:60; 1 Coríntios 15:6, 51; 1 Tessalonicenses 4:13), e isso se refere à ressurreição física dos “santos” do AT, certamente não todos os “santos” (Zacarias 14:5) do passado, mas mais provavelmente alguns dos “heróis e mártires da história de Israel selecionados para dar testemunho miraculoso desses eventos”. Há muitas perguntas sobre isso; por exemplo, quantos foram levantados (provavelmente apenas alguns)? E isso foi uma ressurreição como Lázaro, de modo que eles viveram uma vida na terra e morreram, ou uma ressurreição em seus corpos glorificados, de modo que foram levados com Cristo para o céu (a maioria prefere o último)?[1]

27:53 E, saindo dos túmulos depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa e apareceram a muitos (ῆλθον εἰς τὴν ἁγίαν πόλιν καὶ ἐνεφανίσθησαν πολλοῖς). Há um movimento distinto da ação centralizada em “fora” (ἐκ) e “dentro” (εἰς), cada um encontrado com o verbo e o substantivo para dar ênfase. A imagem dos santos do AT ressuscitados na morte de Jesus, mas não vistos até “depois de sua ressurreição” tem levantado muitas questões. Por que eles seriam ressuscitados, mas não apareceriam até trinta e seis horas depois?

A melhor solução é fornecida por John Wenham, que coloca um ponto entre os vv. 52a e 52b-53, significando que o terremoto e a abertura dos túmulos pertencem à morte de Jesus, enquanto a ressurreição dos santos e sua aparição em Jerusalém pertencem à ressurreição. Isso fornece uma separação satisfatória entre os eventos da morte de Jesus e de sua ressurreição, mostrando que o propósito de Mateus é reunir a morte e a ressurreição como um único evento na história da salvação. Enquanto os túmulos foram abertos no terremoto, os heróis do AT não foram ressuscitados até “depois da ressurreição de Jesus”. Seria gratificante saber quais deles apareceram - Abraão ou José ou Davi ou Aarão ou Jeremias ou Malaquias? Provavelmente muitos eram nomes não mencionados no AT, mas nunca saberemos até chegarmos ao céu. No entanto, podemos imaginar a emoção quando as pessoas os conheceram e ouviram suas histórias.

Mateus não quer contar os detalhes porque quer que nos concentremos no significado do evento. Observe a ênfase deliberada em “os santos”/“cidade santa”. Mateus enfatiza a natureza “santa” dos eventos, transformando até mesmo a cidade apóstata que “mata os profetas” (23:37) e está matando o Messias na “cidade santa” que não voltará a ser até o fim dos tempos ( Ap 21:2, 10). No entanto, mesmo aqui há promessa de um remanescente a ser preservado (veja-se Blomberg).

(OSBORN, GRANT – Mattew.- Exegtical Commentary on the New Testament: Grand Rapis: Zondervan, 2010,  p.2.270-2.278



[1] Calvino é dessa opinião – nota do compilador.

sábado, 10 de junho de 2023

A EUCARISTIA NA REFORMA PROTESTANTE

 

Rev. João Ricardo Ferreira de França.

Enquanto comiam, tomou Jesus um pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo. A seguir, tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados. E digo-vos que, desta hora em diante, não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber, novo, convosco no reino de meu Pai. E, tendo cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras. (Mateus 26.26-30)

            Neste ano, no dia 31 de outubro, a Reforma está comemorando 506 anos de sua deflagração contra os abusos de Roma. Todavia, quando lemos os artigos que falam sobre este momento singular da história, geralmente, temos a impressão de que a Reforma foi um movimento onde houve uma unanimidade em todos os seus particulares, mas a realidade é outra bem distinta da que pensamos, existiu grandes divergências entre eles. Este breve artigo visa abordar, de forma resumida, uma delas: a Eucaristia ou Santa Ceia.

            A Santa Ceia sempre foi considerada como o vínculo de paz e unidade entre os crentes, todavia, foi motivo de discórdias dentro da chamada Reforma Protestante. É notório que o problema da Santa Ceia está vinculado as concepções cristológicas sustentadas pelos reformadores, e assim, a Eucaristia tem como pando de fundo a questão da presença ou não de Cristo nos elementos.

            Antes da Reforma ocorrer a doutrina da Eucaristia era diferente da que nós temos hoje. A primeira realidade é que na “igreja primitiva, a celebração da Ceia do Senhor era o ponto central da adoração cristã”. (GEORGE, Timothy1993,p.145). Curiosamente o sacramento da Santa Ceia foi corrompido pala concepção da Transubstanciação ( a substância se transforma ). Tal doutrina passou a ser doutrina oficial na Igreja de Roma no quarto Concílio de Laterano em 1215 (BERKHOF, Louis., 1989, p.226.). Mas, essa idéia é bem anterior conforme podemos ver, pois, “em 818 d.C um teólogo medieval chamado Pascácio Radbert formalmente propôs a doutrina de que os elementos, pelo poder divino,literalmente se transformam no mesmo corpo que nasceu de Maria” (BERKHOF, Louis, 1989, p.226.).

.           No período da Idade das Trevas – ou Idade Média – a Santa Ceia passou a ser vista como algo miraculoso que protegia o viajante da doença, preservava os marinhos da fúria do mar, dava ainda a provisão na lavoura; chegava-se ao absurdo de dizer que a Ceia dava uma boa esposa ao solteiro (TAPPERT, Theodore G., 1961, p.41).

I - OS REFORMADORES E A EUCARISTIA.

            Diante disso, a Reforma se colocou contra estas concepções sobre o sacramento da Santa Ceia. Lutero tinha uma visão muito individual quanto a este sacramento ele “criticou a negação do cálice aos leigos” (SIERPIESKI, Paulo, sem data, p.8.) Ele expressou dúvidas e criticou a doutrina da Transubstanciação. Lutero rejeitou a concepção de que os sacramentos fossem obras meritórias, e ensinou que eles eram dons da graça de Deus à sua Igreja e devem ser recebidos com fé. (LUTERO, Martinho, 2006, p.50.).

O problema se manifestou quando Zwínglio tomou ciência de que Lutero estava ensinando que o corpo de Cristo estava literalmente presente na eucaristia, enquanto o reformador Zwínglio ensinava que o pão e o vinho, da Santa Comunhão, eram apenas memoriais da morte de Cristo, e assim, o estopim estava ativado. Lutero escreve uma carta a um amigo dizendo que a interpretação do reformador Zwínglio estava equivocada (STROHL, Henri1989, p.144); o reformador alemão tinha a seu favor um tese de um padre que defendia a consubstanciação que nunca foi negada oficialmente pela Igreja Romana (STROHL, Henri., Ibid, p.225), isso ainda alimentou a concepção de que Lutero estivesse certo.

            Houve uma guerra de escritos sendo trocados entre ambos, pois, discordavam energicamente quanto a este assunto; os livros de ambos chegaram a ser vendidos lado a lado pelos jornaleiros da época. Lutero não estava disposto a dizer que a Eucaristia era um mero “símbolo das realidades espirituais” (GONZALEZ, Justo L., 1983, p.71). A grande arma de Lutero era as palavras da Instituição de Cristo “isto é o meu corpo”, não “indica a transubstanciação, mas aponta para o fato de que Cristo está literalmente sobre o pão, ao lado do vinho e sob ambos os elementos” (Idem)

II - UMA SOLUÇÃO PROPOSTA: UMA DIVISÃO PERMANENTE.

            Diante de tamanha guerra decidiu-se fazer um debate entre os grupos – luteranos e zwínglianos – para se resolver o dilema. Filipe de Hesse propôs que o debate fosse realizado em seu Castelo em Marburgo no ano de 1529. Lutero estava acompanhado de seu ilustre amigo Melanchton e com outros colegas. E Zwínglio estava acompanhado de Ecolampádio, Bucer que era os líderes principais dos Zwínglianos. O fato curioso neste debate é que dos quinze pontos discutidos entre Lutero e Zwínglio quartoze deles ambos estavam de acordo, mas na questão da Eucaristia ambos discordavam.

            O reformador Zwínglio chegou a clamar com lágrimas que desejava concordar com os luteranos (GEORGE, Timothy., Op.Cit, p.150)  Travou-se uma guerra exegética. Zwínglio diz que Lutero defende uma doutrina que não pode ser comprovada pelas Escrituras, e não tem a menor coragem de citar uma única passagem. Lutero estava com uma lousa coberta com um pano, e após, a declaração de seu opositor, removeu o pano, e no quadro estava escrito “Este é o meu corpo!”, então, Lutero dirigiu-se a Zwínglio dizendo: “Aqui está a nossa passagem das Escrituras. Você ainda não a tirou de nós.”(Idem) Lutero rejeitou as figuras de linguagem usadas por Zwínglio para mostrar que ali estava empregada uma linguagem não-literal.( KLEIN, Carlos Jeremias.,2006, p.77-82) Mas isso foi em vão. Ambos os grupos ficaram divididos definitivamente.

II - O EXEGETA DA REFORMA: UMA VISÃO CONCILIADORA.

 

            Na discussão entre Lutero e Zwínglio havia um homem que pensou profundamente sobre essa questão da Eucaristia. Ele nos ofereceu um esclarecimento bíblico e teológico sobre a Ceia do Senhor e a presença de Cristo na mesma. O nome deste reformador é João Calvino considerado o maior exegeta da Reforma Protestante. Para Calvino a Eucaristia era mais que uma simples “cerimônia de comemoração do Sacrifício de Cristo: era um evento de comunhão com o próprio Cristo” (CALVINO, João, 1999, Livro 4, Cap.14, parag.1,9.). Embora ele aceitasse algumas afirmações de Zwínglio, afirmava que Cristo estava presente no Sacramento da Ceia mediante a ação do Espírito Santo, e assim, de fato, o Sacramento poderia ser chamado de Meio de Graça onde os eleitos recebem o que a eles é destinado no sacramento, enquanto que os falsos crentes recebem juízo de Deus; logo, a concepção calvinista  sobre a Ceia é que Cristo está real, porém, espiritualmente nos elementos.

            Esta concepção de Calvino é a posição das Igrejas Presbiterianas e Reformadas conforme expressa seus símbolos de Fé. (Confissão de Fé de Westminster: Cp.27, Seç. 3; Cp.29, Seç. 1,5,7; veja-se também o Catecismo Maior de Westminster nas perguntas: 162, 168,170) O que aprendemos deste assunto? Aprendemos que Reforma foi um movimento onde havia de fato uma reflexão teológica. Aprendemos que os reformadores tiveram que lidar com questões que mereciam ser esclarecidas; mas também aprendemos que aquilo que deveria unir a fé tornou-se uma divisão entre eles. De sorte que mundo está dividido assim: os romanos com a Transubstanciação; os luteranos com a Consubstanciação; os Zwínglianos com a concepção Memorial e os calvinistas com a noção da Presença Real de Cristo nos sacramentos de forma Espiritual. Isso deveria nos entristecer? Não. Isto deveria nos estimular a orarmos para que a Igreja de Cristo mostre sua unidade nestas questões singulares.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

BERKHOFLouis. A História das Doutrinas Cristã, São Paulo: PES, 1989.

CALVINO, João. Intitución de la religión Cristiana, Barcelona: Felire, 1999. Livro 4, Cap.14, parag.1,9.    

GEORGE, Timothy. Teologia dos Reformadores, Trad.Gérson Dudus & Valéria Fontana, São Paulo: Vida Nova,1993).

GONZALEZ, Justo L. A Era dos Reformadores, São Paulo: Vida Nova, 1983.

LUTERO, Martinho. Do Cativeiro Babilônico da Igreja, Trad. Martin N. Dreher, São Paulo: Martin Claret,.2006.

KLEIN, Carlos Jeremias. Os Sacramentos na Tradição Reformada, São Paulo: Fonte Editorial, 2005.

SIERPIESKI, Paulo. História do Cristianismo I, Da Reforma, Recife: Seminário Batista do Norte – Obra não Publicada, s/d.

STROHL, Henri. O Pensamento da Reforma, São Paulo: Aste, 1989.

TAPPERT, Theodore G. The Lord’s Supper: Past and Present Pratices Filadélfia: Muhlenberg Press, 1961.

 

O autor é formado em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte (SPN) em Recife – PE; também é coordenador do Departamento de Teologia Exegética do Antigo e Novo Testamento no Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Brasil (SPFB) em Recife – PE, atualmente é pastor na Igreja Presbiteriana de Riachão do Jacuípe - BA.

sábado, 25 de novembro de 2017

A HERMENÊUTICA DA REFORMA

CENTRO DE ESTUDOS PRESBITERIANO
.
A HERMENÊUTICA DA REFORMA.
Prof. Rev. João França*
Introdução:
No estudo anterior estivemos avaliando a história dos primórdios da interpretação das Escrituras. Vimos como o Antigo Testamento foi interpretado e também observamos os primórdios da interpretação cristã do Novo Testamento até os primeiros pais da igreja. Neste estudo iremos continuar a nossa jornada interpretativa em três importantes períodos da história da interpretação: A Idade Média; o período da Reforma Protestante e por fim, avaliaremos a interpretação atual.
I – A INTERPRETAÇÃO BÍBLICA NA IDADE MÉDIA.
Consideremos agora o período da Idade Média no que respeita a tarefa da interpretação bíblica. Kaiser lembra-nos que neste período “muitos membros do clero, sem falar nos leigos, eram ignorantes até mesmo sobre o que a Bíblia dizia”.[1] Neste tempo “A interpretação foi amarrada pela tradição, e o que se destacava era o método alegórico.”[2] A perspectiva hermenêutica da quadriga “dominou a interpretação bíblica no período da Idade Média. Alguns, como Bonaventura, teólogo católico franciscano do século 13” chegou “a defender que havia sete níveis sentido em cada passagem”[3] Neste período temos um grande apoio aos dogmas da Igreja Católica Apostólica Romana.  Temos o proeminente teólogo como Hugo de São Vítor que dizia que primeiramente se deveria aprender no que se deve acreditar, e, então, depois procurar na Bíblia tal ensino.[4] Virkler ressalta um ponto importante sobre a Hermenêutica medieval que devemos levar em consideração:
Embora predominasse o método quádruplo de interpretação, outros tipos de exegese ainda estavam sendo desenvolvidos. No decorrer do último período medieval, os cabalistas na Europa e na Palestina continuaram na tradição do primitivo misticismo judaico.  Levaram a prática do "letrismo" ao ridículo. Acreditavam que cada letra, e até mesmo cada possível transposição ou substituição de letras, tinha significação sobrenatural. Na tentativa de desvendar mistérios divinos, recorreram aos seguintes métodos: substituir uma palavra bíblica por outra que tinha o mesmo valor numérico; acrescentar ao texto por considerar cada letra de uma palavra como a letra inicial de outras; substituir novas palavras num texto por algumas letras das palavras primitivas.[5]
Mas, foi com o Tomás de Aquino que o sentido literal voltou ao cenário dos estudos da interpretação na chamada Idade Média.[6] Para Aquino o sentido literal servia de “base para todos os outros sentidos das Escrituras”.[7] Entretanto, foi com Nicolau de Lira, um estudioso judeu convertido ao cristianismo, que desenvolveu a prática de consulta aos originais, buscando a intenção do sentido literal do texto, foi a obra deste erudito que deu ímpeto a Martinho Lutero no processo de Reforma da Igreja.[8]
II – A INTERPRETAÇÃO BÍBLICA NO PERÍODO DA REFORMA.
            Agora nosso trabalho se ocupa em discutir a temática da interpretação durante a chamada Reforma Protestante. Estudaremos os dois principais reformadores (Lutero e Calvino) e no movimento reformado puritano.
2.1 – Os Principais Reformadores:
2.1.1 – Martinho Lutero e a interpretação:
Martinho Lutero “nasceu no dia 10 de novembro de 1483 na pequena cidade de Eislebn. Seu pai, de origem camponesa livre, emigrou de muito longe para essa cidade” também somos informados que o seu pai era minerador “e que chegou a ficar consideravelmente rico”.[9]  Lutero fora destinado ao direito, este era o plano de seu pai, mas “voltou-se para o mosteiro, no qual, após muitas lutas, desenvolveu uma nova compreensão de Deus, da fé e da igreja”[10].  Lutero eclodiu a Reforma Protestante quando afixou as suas teses na igreja de Wittemberg; a sua série de estudos teológicos na Carta de Paulo aos romanos o levou para a doutrina do Sola Fide – somente a fé.  Juntamente com seus ataques as indulgências o levaram para Leipzig em Julho de 1519.[11]
            Lutero “acreditava que a fé e a iluminação do Espírito eram requisitos indispensáveis ao intérprete da Bíblia. Asseverava ele que a Bíblia devia ser vista com olhos inteiramente distintos daqueles com os quais vemos outras produções literárias.”[12] Erasmo de Roterdã foi o impulsionador da exegese e hermenêutica da Reforma pela publicação do seu Novo Testamento Grego[13]. O reformador alemão, por sua vez, faz uma tradução da Bíblia para o vernáculo, esta foi uma das grandes contribuições de Lutero à interpretação bíblica.[14] Martinho Lutero “rejeitou o método alegórico de interpretação da Escritura, chamando-o de "sujeira", "escória", e "um monte de trapos obsoletos"[15] Para ele “uma interpretação adequada da Escritura deve proceder de uma compreensão literal do texto.”[16]
2.1.2 – João Calvino o Intérprete da Reforma:
Existe um personagem na Reforma Protestante que tem instigado a muitos debates entre os eruditos em história, filosofia, educação e homilética – João Calvino certamente é o homem que é querido por uns e odiado por outros. Um escritor captou bem esta concepção quando escreveu:
Poucas pessoas na história do cristianismo têm sido tão supremamente estimadas ou tão mesquinhamente desprezadas quanto João Calvino. A maioria dos cristãos, dentre os qual grande parte dos protestantes, conhece apenas dois aspectos a respeito  dele: acreditava na predestinação e ordenou que Serveto fosse queimado vivo. Desses dois fatos, ambos verdadeiros, emerge a caricatura usual de Calvino como o grande inquisidor do protestantismo, o tirano cruel de Genebra, uma figura rabugenta, rancorosa e completamente desumana. [17]
João Calvino nasceu em Noyon, na Província da Picardia, na França, na fronteira dos Países Baixos, em 1509. Seu pai, Gerard Cauvin, era advogado que trabalhou para o cônego desta cidade, e sua mãe, Jeanne de La Franc, era uma mulher muito piedosa. Batizado na tradição católica teve como padrinho Jean Vatine, cônego da Catedral em Noyon. Foi enviado para estudar Teologia em Paris, onde estudou latim e humanidades no Collège de la Marche e teologia no Collège de Montaigu,[18]. Ele era conhecido como “O professor de Sagradas Letras”[19]. Um mestre singular, um grande pregador. Era um homem dedicado aos estudos, e muitos no seu tempo “o tinham já em admiração, pela erudição e zelo que nele se percebiam”[20] A conversão de Calvino se deu em 1533, provavelmente sob a influência do seu primo Robert Olivétan, e a respeito deste fato disse:
Deus, pela secreta orientação de sua providência, finalmente deu uma direção diferente ao meu curso. Inicialmente, visto eu me achar tão obstinadamente devotado às superstições do papado, para que pudesse desvencilhar-me com facilidade de tão profundo abismo de lama, Deus, por um ato súbito de conversão, subjugou e trouxe minha mente a uma disposição  suscetível, a qual era mais empedernida em tais matérias do que se poderia esperar de mim naquele primeiro período de minha vida. Tendo assim recebido alguma experiência e conhecimento da verdadeira piedade, imediatamente me senti inflamado de um desejo tão intenso de progredir nesse novo caminho que, embora não tivesse abandonado totalmente os outros estudos, me ocupei deles com menos ardor.[21]
O reformador João Calvino teve grande progresso na tarefa da Reforma em Genebra porque as suas “crenças sobre a Palavra de Deus e a centralidade das Escrituras na vida da Igreja definiam sua pregação muito antes de ele levantar-se para expor a Palavra.”[22]. Timothy George assegura que “a grande realização de Calvino foi tomar os conceitos clássicos da Reforma (sola gratia, sola fide, sola scriptura) e dar-lhes uma exposição sistemática, que nem Lutero e nem Zuínglio  jamais fizeram, adaptando-os ao contexto civil de Genebra”.[23] Timothy George lembra-nos que “Calvino acreditava que a Bíblia era a ‘escola do Espírito Santo’. Seus escritores foram instrumentos, órgãos, amanuenses do Espírito Santo.”[24] O próprio Calvino ensina, comentando Salmo 19.7, que a Palavra de Deus revelava o pleno conhecimento de Deus: “o salmista agora se volve para os judeus, a quem Deus havia comunicado um conhecimento mais pleno por meio de sua palavra”.[25] Hermisten Maia nos lembra que Calvino era versátil em sua interpretação devido a sua “acuidade hermenêutica e exegética”[26] Virkler nos lembra:
"A Escritura interpreta a Escritura" era uma sentença predileta de Calvino, a qual aludia à importância que ele dava ao estudo do contexto, da gramática, das palavras, e de passagens paralelas, emlugar de trazer para o texto o significado do próprio intérprete. Numa famosa sentença ele declarou que "a primeira tarefa de um intérprete é deixar que o autor diga o que ele de fato diz, em vez de atribuir-lhe o que pensa que ele deva dizer"[27]
2.2 – Os Puritanos como Intérpretes da Bíblia:
O termo Reformado, na Inglaterra, tornou-se conhecido pelo chamado movimento “puritano”, David Martyn Lloyd-Jones nos lembra da dificuldade que há em definir o termo Puritano.[28]Packer informa que o termo foi cunhado como algo pejorativo desde o seu início[29], o termo estava associado a irmãos piedosos que queriam uma igreja pura, sociedade pura e governo puro.
Beeke e Jones afirmam que a hermenêutica e exegese puritana era norteada por princípios gerais importantíssimos. Que podemos sumarizar dos seguinte modo: Eles desenvolveram uma hermenêutica pactual [30]onde as duas alianças (das obras e da graça) tinham um papel importante na interpretação das Escrituras.
Os puritanos desenvolveram o princípio do Foco Cristológico aqui eles entendiam que a totalidade das Escrituras apontava para Cristo. Então, qualquer pessoa que pretender ler e interpretar as Escrituras deve perseguir a Pessoa de Cristo em cada página da Palavra de Deus.[31]Eles também asseveravam a necessidade o Sentido Literal das Escrituras para a sua compreensão, isto implica no “sentido único que não é múltiplo” conforme lemos na Confissão de Fé de Westminster, elaborada pelos puritanos, no capítulo primeiro seção nove.[32] Os teólogos puritanos também fizeram o uso sobjo da tipologia como um princípio válido na interpretação da Escritura. Oferecendo diretrizes como encontrar a Tipologia no processo interpretativo.[33]Outro principio interpretativo bastante usado pelos puritanos foi o chamado anologia fidei ou analogia da fé. Este principio está claramente definido na Confissão de fé de Westminster 1.9 – quando nos ensina a procurar outros textos para elucidar passagens bíblica parecem ser difíceis sua interpretação.[34]
Beeke e Jones também ressaltam o principio da Conclusão Válida e Inescapável. Este princípio estabelece que há coisas que são “logica e necessariamente deduzido das Escrituras” conforme lemos na Confissão de Westminster no capítulo 1 seção 6. É neste principio que os puritanos entendiam a validade do Pedobatismo.[35]
            A grande questão puritana era: como devemos interpretar a Bíblia?
1.      Interprete as Escrituras literal e gramaticalmente: Os puritanos seguiam o método histórico gramatical de interpretação.
2.      Interprete as Escrituras de modo consciente e harmônico: Os puritanos defendiam a unidade das Escrituras e a interpretação deveria revelar essa unidade.
3.      Interprete as Escrituras teocêntrica e doutrinariamente: A Bíblia é um livro doutrinário e fala-nos sobre Deus nossa interpretação deve ressaltar isso, conforme o entendimento puritano.
4.      Interprete as Escrituras cristológica e evangelisticamente: Cristo é o verdadeiro tema das Escrituras, então, na mente puritana na interpretação devemos olhar Cristo em cada passagem bem como apresentar Cristo.
5.      Interpreta as Escrituras de modo experimental e prático: A teologia puritana era experimental e a Bíblia fala a nossa experiência diária bem como sendo um livro prático, nossa prédica e interpretação deve ressaltar este aspecto.
6.      Interprete as Escrituras com uma aplicação fiel e realista: A aplicação das Escrituras transmutada para uma prática na vida real é o ideal puritano na interpretação.[36]
III – PRINCIPIOS HERMENÊUTICOS PURITANOS PRESENTES NA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER
            Quando nos aproximamos da Confissão de Fé de Westminster podemos observar estes passos hermenêuticos presentes no texto confessional. Quem está compromissado com a CFW.
1 – A Regra áurea da Interpretação “Scriptura, Scripturae Interpres”
A CFW diz que a regra infalível de interpretação é “a escritura interpreta escritura”. (1.9). Um exemplo clássico é o texto 1 Pedro 3.19. Quando lemos este texto pensamos que Cristo foi ao inferno e pregou aos espíritos que estavam trancafiados no inferno; mas, não é isto que o texto está falando. O verso 20 e 21 deixam claro para nós que o sentido pretendido por Pedro é que Cristo estava presente na pregação de Noé que é chamado de Pregador da Justiça em 2 Pedro 2.4.
2 – A intenção do autor alvo da hermenêutica Reformada:
Isso significa “que os critérios para o entendimento do significado intencional de um texto estão inseridos nele próprio.”[37] A CFW nos diz que “quando houver alguma questão acerca do genuíno (verdadeiro) e pleno sentido de qualquer texto da Escritura (sentido que não é múltiplo, mas único)” (CFW 1.9).
            Quantos sentidos tem uma passagem bíblica? Por exemplo, como devemos entender Lucas. 3-7? Como compreender João 10.1-10? O sentido autoral dever ser buscado na gramática e no contexto da passagem, pois, há passagens que usam termos que no campo semântico podem oferecer uma distinção de sentido – sentido logicamente pretendido pelo autor. Um caso clássico é o texto de Tiago 1.2 e Tiago 1.12-13.
IV – A INTERPRETAÇÃO BÍBLICA NOS DIAS ATUAIS:
            Nos dias atuais a interpretação chegou a seu estado da dúvida. Aqui vemos o surgimento das diversas escolas modernas de interpretação, faremos uma breve apresentação dessas escolas para conhecimento geral e histórico:
3.1 – Liberalismo Teológico:
O liberalismo é o desdobramento lógico do racionalismo. Dentro deste processo  deu-se autonomia a razão em detrimento da revelação. Desenvolveu-se um método próprio de interpretação das Escrituras conhecido como Método Histórico-Crítico. Vale salientar que este procedimento hermenêutico “legou à igreja uma Bíblia que deixou de ser Palavra de Deus para ser tornar testemunho de fé do povo de Israel e da Igreja primitiva”.[38] Neste método interpretativo encontramos as seguintes características:
1.      Racionalismo: Onde a razão “substitui a revelação como fonte de autoridade. O sobrenatural é rejeitado e a razão é estabelecida como critério supremo da verdade”.[39]
2.      Historicismo: As Escrituras não são “o registro inspirado da revelação divina, mas o registro histórico das ideias e aspirações religiosas humanas”.[40]
3.      Objetivismo: A Bíblia deve estuda sem pressupostos dogmáticos e teológicos. Barton diz que está a é acusação, pois, no inicio desta escola a “busca objetiva e cientifica da verdade por parte de um estudioso imparcial é algo falho e já está desacreditada” pois, até o próprio Barton reconhece que “ninguém é realmente ‘imparcial’ cada um tem um interesse pessoal”[41] na interpretação.
3.2    – A Interpretação na Neo-0rtodoxia
Este sistema ensina que a Bíblia não é a Palavra infalível de Deus, mas que apensa contem a Palavra de Deus, ela se transforma em Palavra quando leio, ou quando escutamos algum sermão a nos dirigido com base na Bíblia. Virkler sumariza muito bem essa posição para nós:
Os que se encontram dentro dos círculos neo-ortodoxos geralmente crêem que a Escritura é o testemunho do homem à revelação que Deus faz de si próprio. Sustentam que Deus não se revela em palavras, mas apenas por sua presença. Quando alguém lê as palavras da Escritura e reage com fé à presença divina, ocorre a revelação. A revelação não é considerada como algo ocorrido num ponto histórico, o qual agora nos é transmitido nos textos bíblicos, mas uma experiência presente que deve fazer-se acompanhar de uma reação existencial pessoal.[42]
Conclusão:

            Neste breve apanhado histórico nós ofereceremos uma visão lacônica de como a interpretação bíblica se desenvolveu através de seus principais representantes e expoentes; o objetivo foi deixar o aluno consciente de que o seu processo interpretativo não é vácuo no escuro, mas pode ser reflexo de correntes e pressuposições teológicas e filosóficas que foram se construindo ao longo do tempo.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1.      ANGLADA, Paulo Roberto Batista. Introdução à Hermenêutica Reformada. Ananindeua: Knox Publicações, 2006.
2.      BARTON, John. Historical-critical approaches. In: BARTON, John (ed). Biblical Interpretation. Cambridge, United Kingdom: Cambridge University Press, 1998.
3.      BEEKE, Joel. R.; JONES, Mark. Teologia Puritana – Doutrina para a Vida. Tradução: Marcio Loureiro Redondo. São Paulo: Vida Nova, 2016.
4.      BEZA, Theodoro de. A Vida e a Morte de João Calvino. Tradução: Waldyr Carvalho Luz. São Paulo: Editora Luz para o Caminho, 2006.
5.      CAIRNS, Eearle. E. O Cristianismo através dos Séculos – Uma História da Igreja Cristã. Tradução: Israel Belo de Azevedo; Valdemar Kroker. São Paulo: Vida Nova, 2008.
6.      CALVINO, João. Comentário sobre o Livro de Salmos, Volume 1. Tradução: Valter Graciano Martins, São Paulo: Editora Fiel, 2009.
7.      COSTA, Hermisten Maia Pereira da. A Inspiração e Inerrância das Escrituras – Uma Perspectiva Reformada. São Paulo: Cultura Cristã, 1998.
8.      FERREIRA, Wilson de Castro. Calvino: Vida, Influência e Teologia, São Paulo: Luz Para o Caminho,1998.
9.      CALVINO, Juan. Instiución de La Religión Cristiana. Tradução: Cipriano de Valera.  Barcelona:1999
10.  GEROGE, Timothy. Teologia dos Reformadores.Tradução: Gérson Dudus e Valéria Fontana. São Paulo: Editora Vida Nova, 1994
11.  HALSEMA, Thea B.  Von. João Calvino Era Assim.   São Paulo: Editora Os Puritanos, 2009
12.  KAISER JR, Walter. C.; SILVA, Moisés. Introdução à Hermenêutica Bíblica. São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p.215.
13.  LAWSON, Steven. A Arte Expositiva de João Calvino. Tradução:Ana Paula Eusébio Pereira. São Paulo: Editora Fiel,2008, p.33-34.
14.  LLOYD-JONES, David Martyn. Os Puritanos suas Origens e seus Sucessores. Tradução: Odayr Olivetti. São Paulo: PES, 1993
15.   LOPES, Augustus Nicodemus. A Bíblia e Seus Intérpretes – Uma Breve História da Interpretação.
16.  PACKER, J.I. Entre os Gigantes de Deus – Uma Visão Puritana da Vida Cristã. São Paulo: Fiel, 1996
17.  VIRKLER, Henry A. Hermenêutica Avançada. São Paulo: Vida, 1987





* O autor é Ministro da Palavra e dos Sacramentos pela Igreja Presbiteriana do Brasil. Atualmente é pastor na igreja Presbiteriana de Riachão do Jacuípe – BA. Formou-se em Teologia Reforma no Seminário Presbiteriano do Norte (SPN) em Recife – PE. É professor de Línguas Bíblicas (Hebraico e Grego) e Teologia Bíblia (Antigo e Novo Testamento) no Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Brasil – Patos – PB. É fundador do Centro de Estudos Presbiteriano. Atualmente está mestrando em Teologia Exegética (Antigo e Novo Testamento) no Instituto Bereano de Teologia (IBETEO) em Brumado – BA.
[1] KAISER JR, Walter. C.; SILVA, Moisés. Introdução à Hermenêutica Bíblica. São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p.215.
[2] VIRKLER, Henry A. Hermenêutica Avançada. São Paulo: Vida, 1987
[3] LOPES, Augustus Nicodemus. A Bíblia e seus Intérpretes – Uma Breve História da Interpretação. São Paulo: Cultura Cristão, 2004, p. 150.
[4] KAISER JR, Walter. C.; SILVA, Moisés. Introdução à Hermenêutica Bíblica. São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p.215.

[5] VIRKLER, Henry A. Hermenêutica Avançada. São Paulo: Vida, 1987, p. 47.
[6] KAISER JR, Walter. C.; SILVA, Moisés. Introdução à Hermenêutica Bíblica. São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p.215.
[7] Idem
[8] Idem.
[9] CAIRNS, Eearle. E. O Cristianismo através dos Séculos – Uma História da Igreja Cristã. Tradução: Israel Belo de Azevedo; Valdemar Kroker. São Paulo: Vida Nova, 2008, p. 259.
[10] GEORGE, Thimothy. Teologia dos Reformadores. Tradução: Gérson Dudus; Valéria Fontana. São Paulo: Vida Nova, 1994, p. 53.
[11] Ibid, p.81.
[12] VIRKLER, Henry A. Hermenêutica Avançada. São Paulo: Vida, 1987, p.48.
[13] KAISER JR, Walter. C.; SILVA, Moisés. Introdução à Hermenêutica Bíblica. São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p.216
[14] Idem.
[15] VIRKLER, Henry A. Hermenêutica Avançada. São Paulo: Vida, 1987, p.48.
[16] Idem.
[17] GEROGE, Timothy. Teologia dos Reformadores.Tradução: Gérson Dudus e Valéria Fontana. São Paulo: Editora Vida Nova, 1994, p.167.
[18] FERREIRA, Wilson de Castro. Calvino: Vida, Influência e Teologia, São Paulo: Luz Para o Caminho,1998, p. 41.
[19] HALSEMA, Thea B.  Von. João Calvino Era Assim.   São Paulo: Editora Os Puritanos, 2009, p.68.
[20] BEZA, Theodoro de. A Vida e a Morte de João Calvino. Tradução: Waldyr Carvalho Luz. São Paulo: Editora Luz para o Caminho, 2006, p.11.
[21] CALVINO, João. Comentário sobre o Livro de Salmos, Volume 1. Tradu
ção: Valter Graciano Martins, São Paulo: Editora Fiel, 2009, p.31.
[22] LAWSON, Steven. A Arte Expositiva de João Calvino. Tradução:Ana Paula Eusébio Pereira. São Paulo: Editora Fiel,2008, p.33-34.
[23] GEORGE, Timothy. Teologia dos Reformadores. Tradução: Gérson Dudus e Valéria Fontana. São Paulo: Editora Vida Nova, 1994, p.167.
[24] GEORGE, Timothy. Teologia dos Reformadores. Tradução: Gérson Dudus e Valéria Fontana. São Paulo: Editora Vida Nova, 1994, p.167; “Por que a Escritura é a escola do Espírito Santo  na qual nada tem deixado coisa alguma que não seja necessária e útil conhecer, nem muito menos se ensina mais do que é necessário saber.” (CALVINO, Juan. Instiución de La Religión Cristiana. Tradução: Cipriano de Valera.  Barcelona:1999, Livro III, Capítulo 21, seção 3.)
[25] CALVINO, João. Comentário sobre o Livro de Salmos, Volume 1. Tradução: Valter Graciano Martins, São Paulo: Editora Fiel, 2009, p.379.
[26] COSTA, Hermisten Maia Pereira da. A Inspiração e Inerrância das Escrituras – Uma Perspectiva Reformada. São Paulo: Cultura Cristã, 1998, p. 118.
[27] VIRKLER, Henry A. Hermenêutica Avançada. São Paulo: Vida, 1987, p.49
[28] LLOYD-JONES, David Martyn. Os Puritanos suas Origens e seus Sucessores. Tradução: Odayr Olivetti. São Paulo: PES, 1993, p.247.
[29] PACKER, J.I. Entre os Gigantes de Deus – Uma Visão Puritana da Vida Cristã. São Paulo: Fiel, 1996, p.17.
[30] BEEKE, Joel. R.; JONES, Mark. Teologia Puritana – Doutrina para a Vida. Tradução: Marcio Loureiro Redondo. São Paulo: Vida Nova, 2016, p.58-63.
[31] Ibid, p.63-64
[32] Ibid, p.65-67
[33] Ibid, p.67-69
[34] Ibid, p.69-71.
[35] Ibid, p.71-72
[36] PACKER, J.I. Entre os Gigantes de Deus – Uma Visão Puritana da Vida Cristã. São Paulo: Fiel, 1996, p.109-114.
[37] BRUGGEN, Jacob Van. Para Ler a Bíblia. Tradução: Thedoro J. Havinga. São Paulo: Cultura Cristã, 1998, p.21.
[38] LOPES, Augustus Nicodemus. A Bíblia e Seus Intérpretes – Uma Breve História da Interpretação.
[39] ANGLADA, Paulo Roberto Batista. Introdução à Hermenêutica Reformada. Ananindeua: Knox Publicações, 2006, p.54
[40] Idem.
[41] BARTON, John. Historical-critical approaches. In: BARTON, John (ed). Biblical Interpretation. Cambridge, United Kingdom: Cambridge University Press, 1998, p.12-13.
[42] VIRKLER, Henry A. Hermenêutica Avançada. São Paulo: Vida, 1987, p.52.

A CERTEZA DA GRAÇA E DA SALVAÇÃO.

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